domingo, 15 de julho de 2018

Os três meses...

Pois é, a pequenina já tem três meses e meio... O tempo realmente voa e ultimamente este tem sido mais dedicado à família, o que não me permite escrever aqui tanto quanto gostaria...Mas hoje senti que tinha de partilhar isto, pois com a chegada dos três meses a minha bebé que já dava umas belas noites voltou a acordar como se fosse o primeiro mês e também custa mais a adormecer!
Eu já sabia que era muito provável que isto acontecesse, pois ao fim de quase dez anos a acompanhar famílias vai-se aprendendo umas coisinhas, mas nem todas as mães o sabem e chegam a esta altura e começam a desesperar... 
Infelizmente, cerca de 50% das mulheres portuguesas deixa de amamentar em exclusivo por volta dos três meses e acredito que esta alteração no sono dos bebés possa ser um dos motivos. E não, não pensem que as mães se importam de acordar para dar de mamar, pois normalmente não é isso que relatam. O problema é que ao mínimo desabafo de que o bebé custa mais a adormecer ou acorda mais vezes para mamar (e não interessa quantas, porque varia mesmo muito de bebé para bebé), a resposta que muitas mulheres recebem é que se calhar o leite delas já não é suficiente e poderá ser necessário suplementar. E esta coisa de não ser suficiente é um medo que paira muitas vezes sobre as mães, e com esta insegurança decidem experimentar as soluções que lhes são dadas.
Vamos lá experimentar o suplemento e depois podemos ter várias reações: alguns bebés não aceitam, e as mães arrumam o assunto e continuam a amamentar, outros aceitam mas continuam a acordar e elas acabam por desistir do suplemento, mas depois há aqueles que aceitam e ao fim de algum tempo até acordam menos (não pelo suplemento mas por outros motivos) e as mães ficam convencidas que realmente os seus bebés precisavam de mais alguma coisa além do seu leite e inicia-se aquilo a que chamamos de desmame precoce, pois o bebé vai gradualmente beber mais suplemento, e vai mamando menos, até que aquela mãe que até tinha leite suficiente para o seu bebé, deixa de o ter por falta de estímulo! 
Já eu, sabendo o que sei hoje, vejo a minha bebé a acordar mais vezes de noite e a chorar para adormecer e aceito que faz parte, penso no tanto que ela aprendeu e mudou ao longo destes últimos dias e percebo que ela precisa do efeito calmante, protetor, regulador... Que a maminha, e não só, lhe proporciona! E dou mais mama, mais colo, mais contacto, mais calor, mais mimo, mais do que ela precisar para ultrapassar estes dias mais complicados... E eu, como fico? Com mais sono, mais cansada, a precisar também de mais mimo e atenção e aí recorro às pessoas que me rodeiam, pois a mãe tem de ser cuidada para poder cuidar! 


Espero que este texto tenha ajudado alguém a perceber melhor o seu bebé, da mesma forma como outros tantos me ajudaram a mim: não estamos sozinhas, em todo o mundo há bebés a acordar para mamar, porque são apenas bebés a serem bebés! 😉

sábado, 7 de abril de 2018

Quando nasce? Quando quiser!


Depois de mais um tempo sem vir aqui escrever, devido a outras prioridades, retorno agora para contar algumas coisas que quero que fiquem registadas.

As últimas semanas de gravidez foram quase todas passadas em preparativos, para o parto e para o que viria a seguir, e mesmo assim ficou tanto por fazer... 

Durante a gravidez, fiz questão de me proteger de pressões, evitando pensar e falar na tão famosa Data Prevista para o Parto. A nossa era a meio do mês, por isso quando me perguntavam quando nascia a resposta normalmente era "Em Abril", e se insistiam muito em saber o dia eu dizia que não sabia, porque essa era a verdade, tanto podia nascer no início como no fim do mês.

No entanto, mesmo tendo este cuidado, conforme o tempo foi passando fui sentindo alguma pressão inconsciente da minha parte, não para vir rápido, mas sim para esperar. Era muito importante para mim não ter este bebé antes do tempo como tinha acontecido na primeira gravidez...

Também não ajudava o facto de, nas consultas de rotina, ser sempre lembrada que tinha tido um parto prematuro e que a probabilidade de voltar a acontecer era grande, como se eu não tivesse aprendido nada com a primeira gravidez e não estivesse a fazer tudo para que aquela situação não se repetisse.

Além de ter ficado em casa e de não exigir mais do  que o meu corpo me dizia que aguentava, pedia-lhe muito para esperar e só tinha autorização para entrar em trabalho de parto quando todas as condições estivessem reunidas, e uma delas era chegar às 38 semanas.

A semana mais complicada foi a das 36 semanas, que foi vivida com alguma ansiedade, visto que foi com essa idade gestacional que o meu primeiro filho nasceu. Tive inclusive alguns sintomas: mais contrações do que o normal e a barriga a descer, o que não ajudou a acalmar-me.

Mas consegui, e aquela semana foi ultrapassada, muito com a ajuda das minhas Doulas (sim, tenho mais que uma), que me lembravam constantemente que esta era uma gravidez muito diferente da primeira e que tinha de deixar de pensar nisso e aguardar que o parto se iniciasse quando tivesse de ser. 

E realmente foi o que acabou por acontecer  mas essa história fica para outro dia... 

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Preparação para o Parto patrocinada por...

Ontem fui ao centro de saúde assistir a um encontro para grávidas, para nos inscrevermos na preparação para o parto. 

Sim, sou Doula, e eu própria já dei aulas de preparação para o parto, mas gosto sempre de ouvir o que se diz por aí, principalmente tendo em conta que a maioria das grávidas apenas tem acesso a estas aulas através dos centros de saúde.

Logo no primeiro dia, em que apenas nos foi apresentado o programa, tivemos lá uma senhora a falar sobre a criopreservação de células estaminais, com ofertas de descontos e uns quantos flyers, outra a falar sobre fotografias na gravidez e de bebés e fomos informados que ao longo do curso que tem oito aulas, quatro são com intervenientes convidados: uma marca de fraldas descartáveis, mais outra que vai falar sobre alimentação infantil, outra para falar dos cuidados aos bebés, e apenas uma me interessou porque é com a PSP e sobre segurança infantil.

Confesso que não estava à espera que houvesse tanto patrocínio neste tipo de cursos, compreendo que os centros de saúde precisem de fundos para disponibilizar o espaço e as pessoas que vão orientar a formação, mas assim as mulheres não têm acesso a informação isenta, mas sim a um rol de informações que são dadas por marcas com interesses por trás.

Há dez anos atrás fiz no privado porque não cheguei a ser chamada pelo centro de saúde por falta de vagas e também não gostei, porque o que aprendi foi o que o hospital me iria fazer, e que tinha de aceitar tudo sem questionar e preferencialmente sem fazer muito barulho, o que vai completamente contra aquilo que acho que deve ser passado às grávidas e espero sinceramente que hoje em dia não seja isto que continue a ser ensinado.

Vamos lá ver se as aulas não vão servir apenas para me irritar, senão provavelmente deixo de ir...

Felizmente há sítios no privado sem patrocínios, onde temos acesso a informação atualizada e com base em evidência científica e boas práticas, e foi onde escolhi fazer um curso intensivo no mês passado: Nascer Saudável com a Sandra Oliveira da Bionascimento, mais pelo meu companheiro do que por mim, mas gostei mesmo muito e recomendo!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Viver a gravidez!



Conforme já tinha referido num post anterior, a minha primeira gravidez não foi minimamente vivida, os meses em que soube que estava grávida passaram a correr e não tive oportunidade de fazer nada do que a maioria das grávidas fazem ou deveriam fazer...

Valeu-me o facto de ser nova e aguentar bem dois trabalhos e o último ano de curso, se fosse hoje acho que não aguentaria e também não era algo que quereria fazer!

Muito provavelmente por causa disto, e de outras agravantes, acabei a primeira gravidez com um bebé pélvico, que nasceu prematuro e pequeno. Tivemos um pós-parto complicado, muito exigente a nível emocional e ainda hoje não sei como não tive uma depressão pós-parto, com tudo o que se passou.


Desta vez está tudo a ser diferente, por imposição da própria gravidez, que me deixou em casa logo no primeiro trimestre, mas mesmo que isso não tivesse acontecido acho que teria seguido o conselho que dou às grávidas que acompanho: "Vão para casa o mais cedo possível!"

E porquê? Porque acho mesmo que é preciso viver a gravidez, um momento que só acontece uma vez na vida de uma mulher, com aquele bebé, e naquela altura, visto que vamos sendo mulheres diferentes conforme o tempo vai passando.

No início é preciso proteger aquela gravidez, descansar o máximo possível, o que nem sempre é fácil porque normalmente não anunciamos a gravidez a muita gente e tentamos levar a nossa vida normalmente mas a verdade é que estamos a gerar um ser, a criar células, que vão dar lugar a um embrião, e que depois passa a feto, mas que para a mulher é o seu filho/a desde o primeiro momento, independentemente do nome que a medicina lhe dá, e começamos a ser mães.

Nesta gravidez, por exemplo, senti os pontapés logo às 16 semanas, e tenho oportunidade de perceber um pouco dos seus ritmos, infelizmente não me lembro de quando comecei a sentir o meu filho na primeira gravidez...

Consigo fazer coisas que sinto que nos fazem bem, como dormir uma sesta de vez em quando, fazer meditação, yoga quando consigo, ouvir música, e mais recentemente tenho feito hidroginástica para grávidas e tenho adorado!

Quando a gravidez não exige ir para casa como me aconteceu, sugiro que pelo menos no terceiro trimestre, pela sua exigência física e não só, que o tentem fazer, porque acredito que efetivamente isso poderá influenciar os primeiros meses do bebé que aí vem. 

Para quem não consegue de todo, há outras opções como diminuir a carga horária ou trabalhar a partir de casa. 

Há países onde a licença se inicia antes do parto, o que pode resultar na prevenção da prematuridade, da restrição de crescimento do bebé, ou da depressão pós-parto. Em Portugal não sendo esse o caso, as mulheres têm de tentar pedir baixa médica, usar dias de férias ou tentar algum tipo de acordo com a entidade patronal, o que nem sempre é facilitado ou até mesmo possível.

Lamento que assim seja, porque realmente poderíamos fazer a diferença num momento tão importante para a mãe, e principalmente para o seu bebé. 

Também há as mães que querem ficar a trabalhar até ao final da gravidez, o que até pode ser positivo para elas por gostarem do que fazem ou por sentirem essa responsabilidade, no entanto é preciso perceber se também é isso que o bebé quer, e se é isso que ele precisa!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Mundo Azul ou Cor-de-Rosa?

Esta é uma pergunta que se faz muitas vezes às grávidas: "Então, já sabes de que cor vai ser o teu mundo?" Isto referindo-se ao sexo do bebé, se for menino será azul, se for menina será cor-de-rosa... E nos grupos de mães, que gosto muito e dos quais já falei aqui, esta é também uma questão recorrente.

Confesso que esta pergunta, feita desta forma, me irrita um bocado... Podem perguntar o que vou ter e não tenho problemas em responder, mas limitar o meu mundo a apenas uma cor, de acordo com o género da cria que está para chegar é algo que efetivamente me faz alguma confusão!

Da primeira vez veio um menino, e sim tinha muita coisa azul no seu enxoval, porque era o que me ofereciam mais e também porque na altura eu não estava tão consciente destas limitações que se colocam às crianças no que toca aos seus gostos e à sua personalidade, com base no sexo. Mas eu adorava vê-lo com cores mais fortes, ou com roupas de cores variadas, e conforme foi crescendo os azuis foram diminuindo no seu roupeiro. 

Com o meu filho aprendi muita coisa, e esta foi uma delas, ele gosta de laranja e vermelho, são as suas cores preferidas. E custa-me quando ele não quer levar para a escola uma camisola Bordeaux ou Rosa, quando até são cores que ele gosta (e fica lindo nelas), mas como a sociedade não aceita que os rapazes vistam essas cores e porque alguns coleguinhas, que já são influenciados por esses preconceitos, criticam-no, ele prefere proteger-se, e eu também...

Portanto este enxoval tem sido feito com cores variadas e não tenho qualquer problema em aceitar coisas usadas "de menino" ou "de menina". Até porque vem aí um bebé arco-íris para dar mais cor ao meu mundo, que, para quem não sabe, são crianças que nascem de mães que passaram por uma perda gestacional ou pela morte de um filho.

Esta falta de liberdade, estas limitações, estes preconceitos começam nas cores, mas não acabam aqui infelizmente, como este poema tão bem ilustra e que não podia deixar de partilhar!



quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Perdemos uma grande amiga...

Foi quando perdi a minha gatinha que mais vontade tive de voltar a escrever, porque é algo que me ajuda muito: desabafar e deixar os sentimentos registados para poder lidar melhor com eles. 
Na altura não o consegui fazer mas acho que ainda vou a tempo.

A Nina estava connosco há 15 anos, passou comigo muitas fases da minha vida, já fazia parte da família quando fui mãe pela primeira vez e viu-o crescer, e a mim também. Era uma gata muito dona do seu nariz que só fazia aquilo que queria e não gostava nada de visitas, mas ao mesmo tempo era muito mimada e ligada a nós, adorava dormir ao lado (ou em cima) da sua dona e ronronava muito, principalmente comigo e com o dono mais pequeno.

No geral, foi uma gata saudável e não dava muito trabalho, portanto quando começou a emagrecer foi muito estranho pois eu já estava habituada a ter uma gata gordinha. De um momento para o outro deixou de comer e começou a ficar prostrada, aí fomos com ela ao veterinário que diagnosticou icterícia devido a uma infecção, fez antibiótico e outra medicação para melhorar o apetite que durante algum tempo pareceu resultar. Voltou a comer, apesar de pouco, e a ficar mais espevitada. 
No entanto, passado uns dias voltou a recusar comida, mesmo comigo a dar com a seringa, nem a água aceitava. Foi fazer raio-x que acusou mais uns quantos problemas e assim que possível voltamos com ela ao veterinário e delineámos um plano de recuperação. Nesse dia o veterinário queria ficar com ela internada, mas eu já tinha perdido um gato no internamento e pedi para ficar com ela nessa noite, visto que os tratamentos só iriam ser iniciados no dia a seguir de manhã. 

Chegámos a casa e custou-me muito vê-la naquele estado, não queria fazer nada e no veterinário olhava para mim com um ar... Como se não quisesse estar ali. Naquele momento tive de tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida e falei com ela, disse-lhe que se quisesse lutar pela vida para aguentar mais aquela noite e no dia a seguir estaria ao seu lado para a ajudar no que fosse preciso. Mas se não conseguisse fazê-lo mais que se deixasse ir, que me tinha feito muito feliz e que nunca seria esquecida. Como já costumava acontecer, à noite deitou-se ao meu lado e eu dormi agarrada a ela. A meio da noite comecei a senti-la com algumas dificuldades em respirar, tentei acalmá-la, senti-a dar o último suspiro e o seu coração parou de bater na minha mão...

Sinto que foi sem sofrimento e porque quis, e estava num dos seus sítios preferidos, na nossa cama junto aos donos. Chorei, chorei e solucei, ao ponto de acordar o meu filho que se apercebeu logo do que se tinha passado, até porque já tínhamos falado sobre essa possibilidade. Ele chorou muito também até que finalmente voltou a adormecer. Quando a minha enteada acordou, o pai contou-lhe e eu ao ouvi-la chorar voltei a chorar também, a dor foi tão forte mas sei que ela cumpriu a sua missão e foi em paz. 

Passar por tudo isto grávida não foi nada fácil, temos sempre medo de passar estes sentimentos para o bebé, e muitas vezes se diz às mulheres para não chorarem, não sofrerem. Mas sei que não devo esconder os meus sentimentos, até porque é impossível para quem está por perto, quanto mais para um ser que está dentro de mim. Portanto chorei o que senti que tinha de chorar e falei muito com a minha barriga, disse-lhe que estava tudo bem connosco, que tínhamos perdido uma amiga de longa data, que eu gostava que conhecesse melhor, sim, porque conheceram-se. A Nina adorava encostar-se à barriga e ronronar e por vezes até parecia haver ali alguma comunicação entre elas, e foi lindo de se ver!