terça-feira, 13 de setembro de 2016

Um bebé dependente da mãe?

Depois de uma gravidez atribulada e um parto longe do desejado, eis que vou para casa e tenho um bebé, com menos de dois kilos e meio, completamente dependente de mim. E agora?!?

Felizmente, a amamentação correu bem desde a primeira mamada e nunca me deu grandes chatices, mas tudo o resto era complicado, demasiado complicado para o que eu estava à espera: noites sem dormir, um bebé que chorava muito, as hormonas completamente descontroladas, e eu mais desorientada que nunca... Mas depois tinha aquele ser tão pequenino nos meus braços que me olhava com uns olhos tão apaixonados, e me fazia esquecer tudo e continuar a tentar ser a mãe que eu queria ser!

Acho que o mais complicado de gerir nos primeiros meses foram mesmo os comentários inapropriados, as opiniões não pedidas, os conselhos contraditórios e a negação do meu instinto. O meu filho chorava e eu queria dar-lhe colo, todo o meu corpo me dizia para pegar nele, dar-lhe mama, tê-lo sempre junto de mim. Mas as pessoas que me rodeavam diziam que não podia, que o ia habituar mal, que era perigoso dormir com ele, que o miúdo estava sempre à mama, que se calhar o meu leite não era suficiente...

Tudo aquilo que eu fazia tinha uma contra-indicação, presente ou futura e eu tinha de o habituar a dormir sozinho, a ficar na espreguiçadeira, a aguentar mais tempo entre mamadas... Resumidamente a não estar tão dependente da mãe!

E eu tentava fazer o que me diziam, quando estava acompanhada, e quando estava sozinha fazia o que o meu filho me pedia, mas sempre com um sentimento de culpa terrível, e por isso não foram tempos nada fáceis.

Até que um dia li um livro, quando o meu filho tinha 4 meses, de um senhor que admiro muito - Besame Mucho, do Pediatra Carlos González - um livro que me dizia que o que o meu filho me pedia era normal, e que a minha vontade de responder também, que era instintivo e estava gravado nos nossos genes há milhares de anos. E a partir daí, o Dr. Carlos González passou a ser o nosso pediatra, mesmo sem nunca ter visto o Gonçalo, sempre que alguém me dizia que não podia fazer algo, eu respondia "Ah, mas o pediatra disse que podia" e tudo ficava bem!


Agradeço à minha querida Bárbara, que me apresentou este grande senhor, e este livro, que me mostrou que o meu filho era um bebé dependente da mãe, e que isso era perfeitamente normal!

2 comentários:

  1. Ser mãe hoje em dia não é uma tarefa fácil, quando digo isto é no sentido de que a sociedade cobra-nos, por acção ou omissão, atitudes/comportamentos ditos perfeitos...o que se diga, não existe em área nenhuma e muito menos na "área" ser mãe. Cada criança é única e como me disse uma grande amiga minha, quando a minha filha nasceu, "tu és a mãe, por isso faz o que achares melhor para a Maria", não sei se é solução mas sei que se fosse hoje, tinha feito muito mais o que eu achava certo, não o que pediatra, os avós, os amigos e até mesmo o pai achavam.

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  2. Como me identifico com as tuas palavras! Agora mais do que nunca, mais conciente e de mente aberta sinto o peso do que não aproveitei da 1a e daquilo que agora não vou conseguir aproveitar da 2a, mas como me diz uma amiga, vou focar-me em apreciar cada momento que estamos juntas e não em tudo o resto! Obrigada pela partilha!

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